A Pandemia veio abanar o mundo e fazer-nos a todos parar e pensar. Até demasiado.
Vi-me sozinha no meu quarto, com aulas online, às quais assistia de pijama e de preferência com um pacotinho de bolachas ao pé.
Não me esforcei para manter a rotina da vida normal. Acordava dez minutos antes da aula para tomar o pequeno almoço e lá me mantinha na cama a assistir a cadeira após cadeira.
Se me fez bem? Na altura não me apercebi que me fizesse mal, pelo menos não a nível académico. Não notei diferença. Trabalhei e estudei de forma igual e os resultados académicos foram positivos.
Mas e a nível pessoal, fez-me bem? Não. Apercebi-me mais tarde, já voltando à realidade. Para além dos quilos a mais, desleixei-me. Usar pijama todos os dias durante meses não é algo que faça bem a alguém. Aconcheguei-me demasiado no meu conforto.
Não me propus a desafios, a motivar-me, a fazer coisas novas. Encolhi-me no meu casulo, não me dediquei à minha construção pessoal, fui submissa relativamente a mim própria.
Se olhar para trás e pensar naqueles meses, no que aprendi relativamente a mim própria, não sei a resposta. Acho que não me permiti conhecer-me melhor. Estava demasiado ocupada com a faculdade e a ajudar os meus que em casa trabalhavam com dificuldades técnicas que me esqueci de mim.
Nunca nos podemos esquecer de nós, corremos o risco de nos perdermos, de deixarmos de saber quem somos. Sinto que deixei de me conhecer e que ainda estou a recuperar a força e a motivação necessárias para tal. Não deixo de me sentir agradecida, afinal estava no meu conforto, houve pessoas que não tiveram tanta sorte.
Quando penso no confinamento tenho consciência de que sou uma sortuda, tinha a minha família comigo, estava no meu porto seguro, estava confortável.
E todos aqueles estudantes internacionais que estiveram privados de estar com a família durante meses? Quem os ajudou? Como se socorreram? Penso que para eles tenha sido um desafio acrescido. Não sei se eu conseguiria estar privada de contacto, amor, união durante tanto tempo e numa situação tão complicada.
Esta é a verdadeira necessidade do ser humano. Amar-se e sentir-se amado.
Olhemos para os outros à nossa volta e façamo-los sentir-se amados, apoiados. Ninguém ultrapassa verdadeiramente uma pandemia e os seus efeitos psicológicos sem amor e apoio.
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